…vai ter de esperar!
O “vai ter de esperar” na restauração, é uma das expressões mais comuns durante a época de verão, e que reflete uma realidade de forte pressão que o setor sofre em tempo de férias, adicionada às elevadas expetativas dos clientes.
A empatia, versatilidade e resiliência são condições essenciais no contato direto com os clientes, cada vez mais exigentes e com uma forte oferta da parte da concorrência.
Esta dualidade levanta várias questões, já que é uma época muito aguardada no setor da restauração, em que a oportunidade de faturação é promissora e a fidelização de clientes é decisiva para a continuidade e sustentabilidade do negócio.
Apesar de meses promissores e vitais, são também meses muito exigentes onde os operadores enfrentam constantes desafios operacionais e estruturais complexos e difíceis de resolver num curto espaço de tempo. A antecipação na preparação de equipas, aliada à contratação de trabalhadores especializados para as épocas sazonais, é crucial para responder ao crescimento exponencial da procura. Esta dinâmica é impulsionada pelo aumento do turismo interno e externo, pelo acréscimo do consumo fora de casa e pela forte concorrência no setor.
O aumento do custo das matérias-primas, a fraca retenção de mão de obra qualificada agravada por uma oferta de salários baixos e instabilidade contratual, as alterações à lei da imigração em discussão, a falta de incentivos fiscais combinada com a diminuição do poder de compra dos consumidores, são obstáculos constantes num setor do retalho que precisa de rápida solução para garantir sucesso e continuidade das marcas no mercado.
Contudo, o setor da restauração continua a liderar o maior número de aberturas de estabelecimentos no comércio de rua, principalmente nas zonas metropolitanas e de turismo, com particular destaque nas cidades de Lisboa e Porto. Entre janeiro e junho deste ano registaram-se 299 aberturas de espaços nos diversos setores de atividade, dos quais 30% correspondem ao segmento de Restauração (Food & Drink). Comparativamente a período homólogo de 2024, o total de aberturas decresceu 13% e o setor de Restauração observou uma diminuição de 30%.
Apesar do decréscimo dos números, a tendência positiva do setor da restauração mantém-se em 2025, sustentada pela resiliência do setor e do crescimento contínuo do turismo em Portugal, O setor do turismo revelou-se uma vez mais um motor essencial da economia nacional, apresentando em 2024 indicadores robustos de crescimento, que se prolongaram e consolidam nos primeiros meses de 2025. De acordo com os dados do Instituto Nacional de Estatística, as receitas do turismo cresceram 7,8% no primeiro semestre deste ano devido ao aumento de 3,6% no número de hóspedes nos alojamentos turístico, e pelo crescimento de 2,4% de dormidas em Portugal.
No entanto, a manutenção desta trajetória positiva passa pela capacidade do setor da restauração em enfrentar desafios tanto operacionais como estruturais, sejam eles pequenos negócios familiares ou grandes grupos.
O investimento na tecnologia, gestão de informação e utilização de ferramentas de inteligência artificial não é apenas uma tendência. A adaptação de dados através da IA e sistemas de gestão operacional continuam a ser uma aposta certa e imperativa que permite adaptar dados às preferências dos clientes, ligando as marcas às reais necessidades, promovendo personalização, inovação e práticas mais sustentáveis — fatores cada vez mais valorizados pelo consumidor.
Além da vertente comercial, a tecnologia desempenha um papel crucial na gestão interna, ajuda as empresas a atrair e reter talentos, a lidar com a escassez de mão de obra, a prever rotatividade e otimizar recursos humanos e tempo de forma mais eficiente. Dessa forma, o setor ganha em competitividade, rentabilidade e atratividade.



